“Tarifaço” de Trump nos EUA: bolsas caem e riscos de recessão sobem

“Tarifaço” de Trump nos EUA: bolsas caem e riscos de recessão sobem

O lançamento do “tarifaço” de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, gera suas primeiras conseqüências: queda no valor de mercado de gigantes americanas, queda nas bolsas de valores ao redor do mundo e criação de possíveis oportunidades justamente para grandes concorrentes, como a China.

Com o “tarifaço”, os EUA elevaram os impostos de importação para diversos países do mundo, causando incertezas e promessas de retaliação. Empresas como Goldman Sachs e J.P. Morgan calculam que o “tarifaço” traz aos EUA até 60% de riscos de recessão. O “tarifaço” recebeu críticas até mesmo de apoiadores do governo, como Elon Musk.

Lançamento

Trump lançou o “tarifaço” no mês de abril. Segundo o presidente americano, o objetivo da medida é livrar os EUA da dependência de produtos estrangeiros. Por esse motivo, Trump chamou o dia de “Dia da Libertação”. Mais de 180 países foram incluídos na lista.

Em declaração, Trump afirmou que os EUA passariam cobrar “tarifas recíprocas” desses países. A ideia é cobrar ao menos metade das tarifas que os outros países cobram dos EUA, compensando dessa forma o que chamou de “proteções comerciais” e “trapaças”.

Ademais, Trump lançou uma cobrança de 25% sobre o valor de carros importados pelos EUA, somada a uma tarifa de 25% sobre exportações feitas ao país e não enquadradas no acordo comercial USMCA. Ainda segundo Trump, empresas que não queiram ser taxadas devem transferir suas fábricas aos EUA.

A lista de países taxados por Trump rendeu até mesmo assunto para “meme”. Ela abarca o território das Ilhas Heard e McDonald, lugar que não possui habitantes e que levou tarifa de 10%. A Casa Branca justificou a tarifa explicando que o local é território australiano.

Consequências

O resultado mais imediato do “tarifaço” de Trump tem sido queda nas bolsas de valores, queda no valor de mercado de diversa empresa americanas, ameaças de retaliação e medo generalizado, indicado pelo principal indicador da bolsa de valores.

O anúncio causou impacto em bolsas asiáticas. O índice Nikkei 225 (Japão) caiu 4% e fechou com queda de 3,4%. O índice Kospi (Coreia do Sul) caiu 1,1%. O índice Hang Seng (Hong Kong) caiu 1,9%. O índice composto de Xangai caiu 0,2%.

O mercado de valores americano também sofreu baixas. Com o “tarifaço”, em três dias as bolsas americanas amargaram perda de US$ 6 trilhões. Juntas, as chamadas “sete magníficas” — Apple, Microsoft, Nvidia, Amazon, Alphabet, Meta e Tesla — perderam valor em US$ 1,8 trilhão.

Além da queda, o “tarifaço” também causou pânico na bolsa americana. Após a China anunciar que irá retaliar os EUA com tarifa de 34%, o índice Vix, conhecido como “índice do medo”, disparou em Wall Street para 45,54 pontos. Foi o maior pico desde outubro de 2020, quando havia temor de uma volta da covid e incertezas sobre as eleições americanas.

Existe também grande temor que o “tarifaço” cause recessão nos EUA. A Goldman Sachs elevou de 35% para 45% as chances de os EUA entrarem em recessão nos próximos 12 meses. O banco J.P. Morgan é mais pessimista: para ele, as chances de o “tarifaço” causar recessão é de 60%.

Ironicamente, outra possível consequência do “tarifaço” de Trump é a abertura de oportunidades para concorrentes. É o caso da China, que pode oferecer melhores negócios aos países atingidos. Em matéria sobre o assunto, a revista The Economist chegou a ironizar o slogan da primeira campanha de Trump: “Make China Great Again”.

(Com informações do G1, Veja e Intercept. Imagem: Karolina Grabowska / Pexels)